Cerâmica de Bicesse segue o processo tradicional
- Neuza Alexa
- 28 de fev. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de abr. de 2021

Cerâmica de Bicesse iniciou a sua produção em 1988, e até aos dias de hoje continua a fabricar os seus próprios azulejos seguindo a tradição, além de também executar restauros de painéis antigos. Aqui tudo é completamente manual e seguindo sempreo processo tradicional, desde os moldes em gesso, ao corte e pintura.
Azulejo é a palavra portuguesa que designa uma placa cerâmica quadrada com uma das faces decorada e vidrada.
Deriva da palavra árabe (al zulej) que significa pedra lisa e polida.
Foi durante a ocupação árabe da Península Ibérica que os povos ibéricos tomaram contacto com a cerâmica mural.
Até finais do Séc. XV, os artífices andaluzes produziam grandes placas de barro cobertas de vidrado colorido uniforme que, uma vez cozidas, cortavam em fragmentos geométricos que eram depois combinados de forma a obter desenhos decorativos (Alicatado).
Em 1498 o rei de Portugal D.Manuel I viaja a Espanha e fica deslumbrado com os revestimentos cromáticos dos interiores mouriscos.
É com o desejo de edificar a sua residência à semelhança dos edifícios visitados que o azulejo Hispano-Mourisco faz a sua primeira aparição em Portugal. O Palácio Nacional de Sintra que serviu de residência ao Rei é um dos melhores e mais originais exemplos desse azulejo.
No final do Séc. XVI surge uma transformação técnica que levou ao aparecimento do azulejo tal como o conhecemos hoje: uma placa de barro quadrangular com a face vidrada lisa ou decorada com desenhos coloridos.

A Cerâmica de Bicesse iniciou a sua produção em 1988, e até aos dias de hoje continua a fabricar os seus próprios azulejos seguindo a tradição secular, em argila pura, via húmida, aresta viva com 14x14 cm e 8mm de espessura, mantendo assim um alto padrão de qualidade e as caracteristicas dos azulejos tradicionais.
Continua a fabricar também o azulejo hispano-mourisco, pelo método tradicional em molde de gesso, cheio com Barro.

Os azulejos depois de fabricados na fieira depois de uma pré secagem são cortados, seguidamente são "encarrados", ou seja, colocados face com face em "carros", empilhados em grupos de 40. São colocados sobre um azulejo cozido e finalizado com um igual, sobre o qual é colocada uma pedra. Esta operação tem a finalidade de evitar o seu empeno até à secagem final. A primeira cozedura, ou seja, a do azulejo cru, é feita em forno a gás à temperatura de 1050ºC.

A escolha dos azulejos após a 1ª cozedura é feita através do som resultante de uma ligeira pancada, após a escolha, os que estão em boas condições seguem para a vidragem manual. Depois de vidrados, são desenhados segundo o processo tradicional de picotar o desenho e do uso de uma "boneca" com pó de carvão (estresido).
Desenhados e pintados, os azulejos vão mais uma vez ao forno, desta vez fornos eléctricos, cozendo a uma temperatura de cerca de 1000ºC. Só é usada pintura manual e estampilhagem com acabamento manual. Uma vez que a Cerâmica de Bicesse também executa restauros de painéis antigos, os azulejos são de fabrico completamente manual, estendendo-se o barro com rolo da massa e cortando à faca. Todo o restante processo de cozedura, seleccção e vidragem é o aplicado à restante produção.
CERÂMICA DE BICESSE LDA
Rua da Chapaneira nº 141, Bicesse
2645-325 Alcabideche
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