Começamos por agradecer à Helena Mourão, porque este foi a convite da Revista Exkluiva que escrevemos - um artigo de opinião para o Dossier Empreendedorismo.
Lisboa é a capital de um país com 10,5 milhões de habitantes e centro de uma Região Metropolitana com uma população de 2,8 milhões de habitantes. Depois de uma perda populacional grande ao longo dos últimos 50 anos, cerca de 17% da população, temos vindo a estabilizar no último milénio.
Os sinais de que há um acréscimo do número de famílias e de que a população rejuvenesce, crescendo a proporção de jovens residentes também, é uma evidência, tanto que agora temos maior oferta laboral, sobretudo tecnológica e um défice de habitação para retenção. Porque vou falar de Empreendedorismo e do Ecossistema Empreendedor e porque resido em Lisboa e também trabalho no sector da habitação, vou conhecendo esses números que andam por aí para serem consultados.
O número relativo aos actores do Ecossistema Empreendedor Português desta década não pára de aumentar. E não pára de aumentar não só em Lisboa, como a nível nacional e europeu também. Gosto de preservar a ideia de que o adn de empreendedor é algo que não falta ao adn dos portugueses. Poderemos ser poucos, mas somos bons. Temos sido, após momentos de crises e catástrofes, porta estandarte e de forma recorrente e influente. A história conta-nos isso e hoje estamos a sê-lo mais uma vez.
Hoje o Ecossistema Empreendedor da capital encontra-se no top 10 da Europa (fonte website Made of Lisboa) como sendo uma das melhores cidades para ter uma Startup (empresa com idade até sensivelmente dois anos) e não parece haver sinais que contrariem esta tendência, antes pelo contrário, os sinais indicam que se quer estender a outras cidades e a outros polos empreendedores do país.
Mas bem, que Ecossistema Empreendedor é este, como cresce e no que se distingue?
É um ecossistema populado por cidadãos inconformados, ambiciosos e que vivem o dia a dia atrás da construção de soluções para desafios, focados em resolver problemas e atender a oportunidades. É um ecossistema que cresce em complementaridade, de forma ágil e distingue-se dos demais ecossistemas por ter uma cultura própria, com uma mentalidade, um processo e ferramentas de trabalho próprias. Novas? Não, apenas utilizadas com novas combinações, resultantes de trabalhos de pesquisa, análise, criação, confrontação, teste, alinhamento e melhoramento. É uma cultura adoptada ainda por um pequeno grupo de empresários, mas inspiradores, tão inspiradores que estão a desafiar grandes empresas a desenvolver inovação e disrupção de uma nova forma.
Movo-me com muita alegria neste novo ecossistema.
Ele é energizante.
Quero fazer nascer, crescer e escalar novas ideias de negócio que funcionem sejam sexys, experienciais e nos levem mais longe, que realizem mais sonhos e promovam a felicidade.
Quando chegam a acontecer, devem também ser rentáveis e perdurar no tempo.
Pois bem, o que este ecossistema propõe é aliciante e cresce porque todos querem o mesmo do que que eu, viver com motivados em que o lazer se confunde com o trabalho.
Na minha opinião este Empreendedorismo em que temos de ser muito criativos, mas também muito assertivos não é para todas as pessoas, mas defendo que todas devem experimentar ser sê-lo e quanto mais cedo na sua vida melhor.
Propor-se a ter um negócio, levá-lo até aos seus clientes, encontrar o seu nicho e vender é o emprego do futuro, numa inevitabilidade é o auto emprego que vai prevalecer ao emprego por conta de outrém, as máquinas vão trabalhar mais do que nós e quanto mais cedo encontrarmos o nosso papel neste novo mundo, mais cedo ceremos capazes de nos integrar, entregar valor e ser bem sucedidos.
Depois porque ser um empreendedor de sucesso é difícil, e porque o mundo do empreendedorismo é feito de alguns sucessos, mas essencialmente de muitos fracassos, quando os superamos conhecemo-nos melhor e ao mundo e por isso ficamos muito mais fortes, mais decisores e mais felizes.
Hoje esta opção de experimentar e ser empreendedor é fácil fazê-lo, os riscos estão minimizados. Não se perdem vidas, não nos expomos às marés como outrora, não entregamos as nossas vidas a Deus. As boas práticas estão disponíveis para quem as quiser consultar e apreender e há toda uma máquina a trabalhar ao serviço deste novo empreendedorismo, que o fomenta e ao mesmo tempo o protege, é favorável o tempo de criar e evoluir como startup e até fazê-lo ao mesmo tempo em que mantém a sua principal ocupação de modo a garantir que a nova ideia de negócio em que está a apostar tem valor.
Temos um conjunto de organizações, espaços, experts, e medidas que convidam, apoiam e acompanham os cidadãos nacionais e estrangeiros que querem experimentar e seguir a carreira de ser empreendedores com menores riscos e maior taxa de sucesso.
Raros são os que acertam à primeira, mas já não são tão raros aqueles que experimentam e que assimilando e respeitando as regras do jogo, o conseguem conquistando também valor e posicionamento para o país.
Mas há o “Cabo das Tormentas” neste novo Empreendedorismo.
Já sabemos que para superar grandes desafios necessitamos essencialmente de foco, conhecer bem os nossos clientes, e percorrer o caminho traçado até à meta, percorrendo todas as etapas, sem desviar. Cada etapa trás o seu ensinamento que nos ajuda a superar obstáculos e desafios mais tarde, por isso não devemos descorar nenhuma. É como quem joga na Caça ao Tesouro, só alcança o tesouro passando por todas as dificuldades.
A tormenta que acompanha a chegada aos novos tesouros está hoje centralizada em dois pontos principais, na Velocidade com que todos exigimos viver dada à aceleração que a tecnologia nos devolveu e nas Emoções com que o consumidor faz as suas escolhas. A velocidade pede que sejamos muito mais rápidos e ágeis na tomada de decisões, o que requer que cada um de nós contribua com o seu conhecimento de forma precisa e atempadamente, obriga-nos a ser mais disciplinados e autossuficientes, contrariamente ao regime empresarial que temos vindo a viver há décadas e décadas assente na abundania e em número. As Emoções porque são elas que determinam as nossas escolhas de vida, mas essencialmente e particularmente difíceis de definir, as escolhas dos consumidores também.
É muito claro para todos os que habitam o ecossistema de empreendedorismo não só da capital, mas a nível nacional e global que terminou o tempo do desenvolvimento do produto, para dar lugar ao tempo do desenvolvimento do cliente.
É um novo paradigma que necessita de saber primeiro o que o cliente valoriza e só depois desenvolvê-lo. É um mundo em que as regras implicam primeiro conhecer e só depois desenvolver, é um mundo que valoriza a autenticidade, os valores e a preservação, em oposição à quantidade e ao esbanjamento, é um mundo que valoriza o integro que é muito mais complexo do que único. É um mundo em que o tempo é mais curto, onde as soluções empresariais se constroem em intervalos de tempo mais curto e morrem mais rapidamente pelo que é necessário pensar no início o seu nascimento e crescimento, mas também para o que serve no momento em termina.
Este novo mundo é tão complexo que nos obriga-nos a conhecer o Inicio e o Fim no mesmo dia, por isso quanto mais cedo experimentar ser empreendedor(a) mais cedo ficará a saber como passar e viver para além do Cabo das Novas Tormentas.
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